A frase acima, título desse artigo, muitas vezes tem sido repetida nos cursos de implantação do sistema de células nas comunidades. Isto porque desde o primeiro contato que um agente de pastoral tem com essa “nova visão” questionamentos surgem em sua mente, do tipo: “Será que as células vão acabar com as pastorais ou concorrer com elas”?
Enfaticamente respondemos: “As células não são pastorais”.
Alguém pode pensar que essa declaração é depreciativa, no sentido de valorizar a célula tirando o crédito da pastoral. Mas não é isso. Ao dizer que célula não é pastoral não estamos passando a ideia de que pastoral é algo ruim, ultrapassado ou menos importante.
Às vezes é mais fácil dizer o que uma coisa é mostrando primeiramente o que ela não é. O próprio Deus na transmissão dos 10 mandamentos, querendo ensinar o que deveria ser feito, insistiu mais no que não deveria!
Também quando distinguimos célula de pastoral queremos colocar cada coisa em seu lugar. Mas isso acontece devido ao hábito natural que temos de comparar o novo proposto com aquilo que já conhecemos. Existem filtros em nossa mente (paradigmas) pelos quais julgamos o novo que nos é proposto.
Então, para que fique bem claro: célula é um grupo de três a no máximo quinze pessoas que se reúne todas as semanas fora do prédio da Igreja para formar discípulos missionários, por meio de relacionamentos fraternos e evangelismo constante.
Célula é vida de comunidade, ligação com outras pessoas, mutualidade (uns aos outros). A maioria das paróquias são movidas pelas atividades oferecidas (programas), os quais são desempenhados pelas pastorais, esses importantes grupos de serviço ministerial.
Célula é comunidade (que existe para SER). Pastoral é trabalho (que existe para FAZER). Não há oposição, e sim complementariedade. Uma comunidade em células é movida pela ênfase da comunhão em ordem à multiplicação. Já a comunidade convencional é movida pela ênfase na prestação de serviço religioso em ordem à conservação do que existe.
Entre a CELEBRAÇÃO dominical e a PASTORAL de cada dia ainda existe um abismo. A proposta das células é justamente preencher esse espaço oferecendo a todos os membros da Igreja a experiência de comunidade, a mesma que Jesus viveu com seus discípulos e que os apóstolos viveram nas primeiras comunidades, conforme At 2,42-47.
Por Cesar Machado Lima