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Tão distante e tão próximo

“Tão distante e tão próximo, tão oculto e tão claro…”. Com essas palavras inicia-se uma bela canção de meados da década de 90, do grupo Vida Reluz, cantada por Walmir Alencar. Baseado nessa grande verdade que o resto da canção apresenta, desenvolvo o texto a seguir no intuito de somar em nossa reflexão sobre o ser igreja em células, nas duas asas: templo e casas.

O texto de Jeremias 23,23-24, fala de dois traços de Deus: Ele é ao mesmo tempo transcendente e imanente. Ou seja, Deus é Altíssimo, Santo, Grande, Eterno e Exaltado no céu, mas também é íntimo, próximo, encarnado, envolvido, acessível e presente.

Transcendência é o modo como nós nos relacionamos com Ele. Nós O cultuamos em espírito e diante dEle nos prostramos, pois Ele é “totalmente diferente de nós”… Já a imanência é o jeito que Ele se relaciona conosco. Ele se revela e se dá a conhecer, se deixa tocar e nos chama à comunhão, pois é profundamente “identificado conosco”.

Veja abaixo esses Seus dois traços em algumas manifestações:

– O Deus que cria os céus deixa Adão ouvir Seus passos…
– O Deus que Abrão cultua no altar almoça em sua tenda…
– O Deus temível da sarça é amigo de Moisés…
– O Deus que protege Israel com a nuvem e com a coluna de fogo habita em tendas…
– O Deus que faz Jó queixar-se de sua ausência torna-se um amigo próximo…
– O Deus que para Davi é Senhor, também é pastor…
– O Deus que fulmina os profetas de Baal se mostra na suavidade da brisa a Elias…
– O Deus que emudece o sacerdote Zacarias faz seu filho saltar de alegria no ventre da mãe…
– O Deus que envia um anjo para falar com Maria Santíssima se faz carne em seu seio virginal e assim resume a história da nossa salvação: Emanuel, o Deus aqui, conosco (cf. Mt 1,23).

Na célula (asa do lar) lidamos com a imanência do Deus que vem ao nosso encontro. Na reunião de “dois ou três” o Cristo habita, capacita e usa cada um (cf. Mt 18,20). Célula é lugar de intimidade com o Pai e uns com os outros, de relacionamento e encorajamento. Nela Deus se mostra perto, muito perto de nós a ponto de podermos vê-Lo e tocá-Lo nos irmãos.

Seu outro aspecto, a transcendência, nós contemplamos estando em assembleia reunida para o louvor (asa do templo), sobretudo na celebração da Eucaristia dominical. É o momento de render-se e prostrar-se, de confessar Sua grandeza e realeza sobre todas as coisas e ouvir a Sua voz que nos dirige pela Palavra.

“Pois assim diz o Senhor: habito num lugar alto e santo, mas habito também com o contrito e humilde de espírito, para dar novo ânimo ao espírito do humilde…” (Is 57,15).

Por Cesar Machado Lima